Pegue, por exemplo, a famosa frase – “a mulher que andava na linha o trem pegou”.
Parece exemplo de humor transgressor, não?
Desmoraliza, no duplo sentido de “linha”, uma ordenação moral, reconhecendo a vigência de práticas de vida social mais relaxadas (do que as do coronelato, pelo menos).
Ao mesmo tempo, confirma a noção do que seja “andar na linha” – para a mulher. Se para o homem isso equivale a uma ética em relação ao mundo, às leis, aos impostos etc.; para ela, tudo se refere à honra de seu marido e dono.
Assim, a frase humorística, ao mesmo tempo, avacalha e reforça a ordem estabelecida.